sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Malandragem, a língua universal.

Esse texto não é sobre o famoso "jeitinho brasileiro" (não gosto dessa expressão). Na verdade, a maladragem não tem uma nacionalidade, uma língua. Ela simplesmente existe, pra beneficiar uns e prejudicar os outros.

Pois bem, se você vier pra Romênia, saiba que a malandragem mora nos taxis. Em sua maioria, os caras adoram tirar vantagem das situações. E isso não é uma coisa que eu notei sozinho, e não é exclusivo para gringos como eu que ainda não falam a língua local, mas vale para os romenos desatentos também. Até o mundialmente famoso guia turístico da Lonely Planet alerta os visitantes sobre os altos preços praticados pelos motoristas.

No meu segundo dia aqui, peguei um taxi para a agência, a noite. Estava muito frio, e nenhum carro vazio. O único que parou não sabia falar inglês, mas mesmo assim decidir me aventurar. Tinha o cartão com o endereço da agência, e sabia mais ou menos a distância e o quanto deveria pagar - já sabendo que isso poderia acontecer, o pessoal daqui me alertou sobre os taxis e me deram todas as informações possíveis.

Pois o cara seguiu em frente e começou a resmungar. Eu entendi algumas palavras, e posso afirmar que não foram nem um pouco carinhosas - é óbvio que as primeiras palavras que aprendemos em outras línguas são os palavrões, depois o básico, certo? E eu nunca achei que isso fosse realmente ser útil. Ele começou a dar umas voltas esquisitas, e eu não pude falar nada, pois não sabia como falar as direções, mas sabia que ali definitivamente não era o local. Pois bem, o cara então parou o carro e foi olhar no mapa o nome da rua. E surrealmente, o cara virou-se pra mim e começou a falar em espanhol. É, parece que ele se lembrou que falava outra língua. Ok, mesmo não falando espanhol, foi bem mais fácil pra se comunicar. E a partir daí, ele retomou o caminho.

Mesmo depois de olhar no mapa, ele ainda não estava muito "convencido" e resolveu pedir informação na rua. Já estávamos próximos, eu reconhecia o local, mas não sabia dar as direções. E enquanto ele argumentava em romeno com um cidadão, eu reparei uma outra coisa: o taxímetro não estava ligado (ele fica ligado, mas não estava correndo). Resolvi então ficar na minha, fingir que não tinha notado, e então seguimos. Logo achamos a rua, e então veio a cobrança: eu apontei pro taxímetro em espanhol falei que não estava ligado, e quanto seria. Ele malandramente imprimiu uma nota, e queria me cobrar o que estava escrito: $17.50/ora (hora, óbvio, sendo que ficamos no táxi uns 10 minutos só. A bandeirada inicial era $1.75, e o trajeto daria uns $8) Eu ri, apontei pra ele e falei em romeno NU (não), apontei pra ORA, e falei NU (de novo) - ok, tive que tentar isso, porque depois que paramos, ele não entendeu mais o meu espanhol, óbvio. Ficou olhando pra mim calado, e então em espanhol falou a famosa frase do reclame das Casas Bahia "quer pagar quanto?" Tirei 1 Lei e dei pra ele, e ele falou puto que não, que queria $10. Falei $6, ele $8, e fechamos em $7. Agradeci em romeno e escutei mais alguns palavrões divertidos, em um grande mix de línguas, aumentando ainda mais o meu vocabulário romeno.

.........

Ok, agora uma coisa boa: Já temos novo trailer para a nova temporada de Lost. Ano que vem promete. Será que o Jack vai morrer nessa temporada? Estamos torcendo!!!




Palavra do dia: profitor (malandro)

4 comentários:

Renata disse...

O Jack não morre, galego. Não lembra do flashfoward do último episódio da terceira temporada?

Uabrá

Unknown disse...

Esperando ansiosamente pelo dia 31. Jacko é muito chato mesmo. Blé.

karina disse...

Seu relato foi muito além disso e incrível, mas eu preciso desbafar: odeeeeeeeeio esse lance de jeitinho brasileiro! BjokK

Unknown disse...

gostei da epopéia romena hein!
saudades!

ps: estamos torcendo!
o protagonista mais chato da história dos seriados americanos não morre cedo! como diz o ditado: "vaso ruim não quebra."
e só pra não perder o costume: sayid é o cara!

:*